gravando áudio…

Henrique Gomes
3 min readJul 8, 2021

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Profissionais e pensadores da comunicação observam e compartilham os movimentos de mudanças na comunicação há algum tempo. Acredito que a ocorrência da pandemia de covid-19 tenha desnudado e, até certo ponto, acelerado algumas dessas mudanças.

Quando falo em comunicação, não digo somente na questão publicitária, que fica mais evidente entre nós da área. Falo principalmente da comunicação interpessoal e da troca de informações dentro da sociedade, que são a base para a comunicação empresarial.

Lembro de quando ficamos assustados que o Twitter apresentou os 140 caracteres, porque parecia uma corruptela de conversa, extremamente rasa. Existia uma preocupação sim, mas principalmente uma adequação para entender (e atender) esse 'novo' tipo de linguagem.

Desde então, pelo menos aqui no nosso Brasil varonil, que é a realidade que consigo enxergar e avaliar com mais clareza, há uma forma ainda mais breve de comunicação: o áudio.

Para piorar, acrescentaram a opção acelerar!

Quem não recebeu ou mandou um áudio, atire o primeiro Samsung Galaxy. Seja via Whatsapp, Instagram ou até Twitter, deve ser quase impossível encontrar alguém conectado que não lidou com essa forma de comunicação pelo menos uma vez. A fama foi tanta que virou até rede social — das ruins, mas virou (e sumiu).

Acho que aqui cabe pontuar que não existe melhor ou pior forma de comunicar. Também não existe certo ou errado. O fundamental é que a mensagem seja passada e, principalmente, compreendida. Abro mais uma das minhas reflexões sobre as mudanças para tentar entender melhor tudo isso.

Segundo os teóricos, existe uma grande diferença entre a linguagem oral e escrita. Com a primeira sendo mais informal e contando com elementos que não são necessariamente ditos, como gestos e sons, para ser entendida. E a segunda exigindo mais esforço pela necessidade do entendimento das regras gramaticais, da estruturação do pensamento, do uso do vocabulário e da semântica para que se torne completa em sua interpretação. É importante saber a diferença, mas a ideia aqui não é teorizar, é falar sobre formato.

Paralelo a isso, o visual passa por uma transformação no seu jeito de comunicar. Antigamente, as ilustrações passaram a ser fotos, que passaram a ter interferência gráfica até que os vídeos se tornaram algo mais presente — com as redes sociais mais ainda, tendo o YouTube (a partir do 2005 que parece tão distante agora) liderando essa disseminação. E é nesse ponto que eu quero chegar. Estávamos caminhando por uma linha Snapchat e InstaStories, com a comunicação visual por 15 segundos, até que o TikTok cresceu e mudou isso (até aumentando o tempo do seu próprio vídeo). Mais interessante ainda é ver que os jovens já começam a enxergar o vídeo com sua edição — algo que minha geração via de longe (achando o máximo) e a geração anterior nem entendia como o Sílvio Santos trocava de roupa tão rápido entre programas.

A troca de roupa do Sílvio Santos da minha geração.

Via áudio ou vídeo, o formato mudou! Tornou-se mais ágil, mais leve, direto, focado em entreter e, até certo ponto, superficial. Tudo isso possivelmente para aliviar a grande quantidade de informação que implora por nossa atenção diariamente. E com tudo isso é que a história a ser contada precisa ser melhor do que nunca! Como prender atenção dessas pessoas?

Nós nem percebemos, mas cada frase nossa traz um traço desse jeitinho novo. Pensando na comunicação corporativa, como disse mais acima, o fundamental é que a mensagem seja compreendida. E para que realmente chegue lá, é preciso estar no formato que não só agrade mas seja considerado, entendido. E não é mais só uma questão de adaptar, se quiser estar ou se manter relevante ali na frente tem que mudar o jeito de falar. Se até o Instagram, parte importante desse sistema todo, já sacou o movimento e tá ajustando seu foco, é bom não ficar para trás e contar sua história direito.

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