Itaú e o óbvio ululante

Henrique Gomes
3 min readAug 17, 2021

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Essa expressão, óbvio ululante, foi cunhada por Nelson Rodrigues nos anos 50 e eu acho incrível como ela entrega de tudo de forma fulminante!

Literatura à parte, quem assiste televisão atualmente fatalmente teve contato com alguma das comunicações do banco Itaú. Desde a sua fundação, apostando no design brasileiro, na concepção estratégica do nome, depois suas renovações e chegando na comunicação que temos hoje em dia, sempre foi uma marca que apontou caminhos, que buscou a vanguarda, além de ser um anunciante sempre presente.

Como disse em textos passados, tenho zapeado mais os canais e visto mais coisas rolando. E mais um ponto que me chamou muito atenção foi o caminho que o Itaú está tomando em sua comunicação, principalmente em seus filmes.

Comecei a refletir a partir desse vídeo acima. Proteger os dados é o mínimo que a gente espera de qualquer serviço online. Tá certo que vez ou outra acontecem vazamentos, invasões, clonagens, etc etc, até em estruturas como do Facebook e Serasa, por exemplo. Mas é óbvio que nós acreditamos que um banco vai ter sua versão online da porta giratória que não deixa ninguém entrar. Basicamente, segurança é o mínimo que a gente espera deles.

Já nesse aqui, usaram nosso tempo para falar que também são uma empresa de tecnologia. Não precisa ser tão mais experiente assim para se lembrar da Itautec, spin-off de tecnologia que não deixa de ser inclusive uma corruptela do nome do próprio banco. E outra, hoje todo mundo sabe que, se estão online, se tem um site, tem app do banco, obviamente tem um pensamento, e principalmente um departamento com alto investimento, de tecnologia por trás. Ainda mais se considerar a questão de segurança citada no parágrafo acima.

Por fim, para encurtar a conversa, tem essa do chat. Se você considerar que o Whatsapp é um chat, já fica claro que sim: todo mundo conversa e toda empresa online tem um chat pra SAC (nem que for a própria DM, que também é chat).

Repetir o óbvio, é isso que o Itaú está fazendo. E estão certíssimos! Você pode ter chegado até aqui esperando que eu pudesse espinafrar tudo, mas não. Um dos movimentos fundamentais para construção de uma marca é justamente ensinar as pessoas como usar o que ela oferece. Não dá para garantir que as pessoas realmente saibam e tenham facilidade em usufruir de qualquer tipo de oferta, por mais simples que ela possa parecer.

Simples como abrir uma garrafa e encher um copo. Mas a grande Coca-Cola vem te ensinando há séculos que você pode bebê-la no jantar de família, curtindo com os amigos ou no cinema com pipoca — opa! Pipoca não é com Guaraná Antárctica? Então, é isso: é preciso trabalhar a memória das pessoas, ensinando não só como usar mas onde e com quem, por exemplo. E a comunicação é parte fundamental nessa entrega.

Meses atrás, publiquei no meu LinkedIn que "tem gente tão preocupada com propósito que se esquece da função". A marca que não reforça, renova ou até constrói estruturas de memória (e propósito não faz isso — é importantíssimo mas tem outra função), não será lembrada no momento certo, o de compra. O que sua marca faz? Como eu uso? Onde eu encontro? Parece básico, mas grande maioria não faz — e quando o faz, é por tempo limitado. E a realidade é que, no dia a dia, as pessoas tem muito mais o que fazer do que pensar em marcas. Seja qual for a sua.

Como dica, deixo a leitura do livro Adams Óbvio, que traz um pouco desse lance da objetividade.

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